domingo, 6 de março de 2011

O título são todos

De onde vem a loucura de achar que poderia me conhecer? Acabei por criar uma imagem de mim mesma, um sofrimento, uma amargura desnecessária. Sofrendo por aquilo que acreditava ser o motivo, mas crio a mim com a mesma facilidade com que crio meus desenhos. Sinto pela criação, mas não sei onde está a verdade. Acho que a única coisa real é que sou igual, sou um mundo entre tantos outros.
A pintura, o desenho, a escrita são a ilusão que me achega a verdade.
Pensar assim me deixa calma, tão tranquila...sem responsabilidade. Sou apenas uma garota qualquer, uma alma a buscar como tantas outras. Tiro dos meus ombros a responsabilidade e me sinto leve, nua, muda, nenhuma, diluída, inexistente, uma alma penada, perdida. O que faço não precisa ter nome, nem motivo. Meu planeta colorido é livre e belo. Sou ninguém e tudo o que eu fizer não pode mais mudar isso, pois também sou tudo: o tudo e o nada, a abelha e o mel, a cigarra e a viola, sou letra e canção, sou esperança e desespero, ódio e amor, morte e vida. Vivo sem motivo e a vida se torna o motivo. Pego a mangueira do quintal e ponho a boca na curva de àgua suspensa no ar e isso é a vida inteira... Ser uma só é me resumir demais, prefiro ser o mundo inteiro. Desapareço no mesmo instante que paro de me preocupar. Fazer, não fazer, pensar, não pensar vira questão de gosto. Desgosto é ter de ser meu personagem totos os dias, cansei disso por hoje.
Estou cansada em pensar se sou. Quero apenas ser. Sempre acabo sendo o que tenho de ser.
Cansei de me sufocar, de tentar não escandalizar demais, de ter tanta caridade. Estou magoando quem amo do mesmo jeito, então se é para ferir, firo de uma vez só. Não temos que nos desculpar. Somos todos loucos.
A dificuldade está toda em minha mente que vive mentindo para mim.
Continua sendo estranho, novo e desconcertante, mas isso sou eu e se quiser ter um pouco de paz tenho que me dar um pouco às costas. Afinal não sou a mais importante na vida, mas a mais importante em minha vida.
As capacidades quantitativas não surgem em maior número nos indivíduos por diversas razões e as qualitativas vivem sufocadas porque o homem ainda não aprendeu a aprender.
Talves depois de tanto aprender o maior e mais difícil aprendizado seja desaprender.

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